Um dos temores de autoridades com a transferência de pacientes de Manaus para outros estados era a possibilidade de a nova cepa do coronavírus se espalhar com velocidade para outras regiões. O governador do estado, Wilson Lima (PSC-AM), dizia que não havia outra alternativa —a não ser deixar que os doentes morressem sufocados nos hospitais da cidade.
A tragédia da falta de oxigênio para pacientes de Covid-19 em Manaus (AM) mobilizou autoridades do Judiciário e do Legislativo, que pressionaram o governo de Jair Bolsonaro para tomar providências mais efetivas contra a crise. O Ministério da Saúde enviou a algumas delas um documento intitulado “Operação Oxigênio”, com uma lista de procedimentos que já estavam sendo tomados —como a transferência de pacientes para outros estados.
Uma tabela mostrava os estados que teriam leitos para receber os brasileiros de Manaus. A situação era dramática: nove deles tinham ocupação média de mais de 70% das UTIs. E não poderiam receber os pacientes. Na lista vermelha estavam Pernambuco (83%), Mato Grosso do Sul (80%), Paraná (80%), Espírito Santo (79%), Rondônia (78%), Santa Catarina (75%), Rio Grande do Sul (74%), Bahia (73%) e Minas Gerais (71%).
O documento afirmava ainda que a White Martins, que fornece o oxigênio medicinal, tinha “condições de manter uma ponte aérea”, levando o produto “de Guarulhos a Manaus” transportando “5 mil m³ por perna”. Mas desde que a FAB (Força Aérea Brasileira) levasse os recipientes vazios de volta a Guarulhos.
As autoridades receberam relatos dramáticos de profissionais de saúde que atuam na cidade. Uma médica do hospital 28 de agosto relatou, por exemplo, que pacientes estavam recebendo morfina para não sentirem a angústia do sufocamento.
A coluna entrou em contato com a direção do hospital —mas as instituições estão orientadas a não passarem informações para os jornalistas. Qualquer contato, só via Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas. Que também não retornou às chamadas.