O ex-presidente de Peru Alan García faleceu após ter disparado contra si mesmo quando seria detido pela Polícia em sua residência. García seria preso preventivamente no enquadramento das investigações pela suposta distribuição de propinas da construtora Odebrecht que alcançou membros do seu Governo quando ele governou o país entre 2006 e 2011.
Horas antes, os agentes tinham trasladado a García ao hospital Casimiro Ulloa, a apenas 600 metros do domicílio do ex-presidente. Segundo comunicado do Ministério da Saúde, García ingressou no hospital de emergências às 6h45 (hora local do Peru), com diagnóstico de impacto de bala de entrada e saída da cabeça. Estava na sala de operações desde as 7h10, mas seu estado era crítico. Agentes da Divisão de Investigação de Delitos de Alta Complexidade haviam ido na manhã desta quarta-feira à casa do ex-mandatário no bairro de Miraflores, na capital Lima, para cumprir a ordem de detenção que pesava sobre ele. Fontes citadas por Rádio Programas del Peru (RPP) indicaram que os agentes o encontraram já ferido, depois que ele se trancou e efetuou o disparo.
O ministro do Interior peruano, Carlos Morán, esclareceu que os agentes e o promotor Henry Amenábar entraram na residência e informaram ao ex-presidente – que estava na escada do segundo andar – sobre a ordem de prisão. O político disse que iria telefonar para seu advogado, foi para o seu quarto e fechou a porta. Poucos minutos depois, um tiro foi ouvido. A polícia forçou a porta e encontrou García com uma ferida na cabeça e o levou para o hospital “, acrescentou Morán.
García governou o país em duas ocasiões. Entre 1985 e 1990 e entre 2006 e 2011. Ele era investigado por supostos subornos decorrentes da construção de uma linha de metrô para Lima, projeto no qual estava envolvida a construtora brasileira Odebrecht. A polícia também deteve nesta quarta-feira Luis Nava, ex-secretário-geral de Presidência, e Miguel Atala, ex-vice-presidente da Petro Peru, que supostamente recebeu 1,3 milhão de dólares da gigante brasileira numa conta do banco D’Andorra. García teve sua saída do país proibida em novembro do ano passado, enquanto era investigado por lavagem de dinheiro, conflito de interesses e tráfico de influências no caso do concessão da Odebrecht. Ele chegou a pedir asilo no Uruguai, refugiando-se na casa do embaixador uruguaio em Lima. Mas o governo de Tabaré Vásquez negou o pedido.