Segunda, 24 de Março de 2025 20:10
84987711771
Política Disputa

Indicação de Gleisi Hoffmann à SRI acirra embates e expõe riscos para o governo

A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebida com ceticismo por parlamentares do centro e da oposição, que veem na nomeação um movimento arriscado em meio a um cenário político já turbulento.

01/03/2025 06h58
Por: Rudy Alves
Indicação de Gleisi Hoffmann à SRI acirra embates e expõe riscos para o governo

A escolha da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) gerou forte repercussão no Congresso. A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebida com ceticismo por parlamentares do centro e da oposição, que veem na nomeação um movimento arriscado em meio a um cenário político já turbulento.

Gleisi assume o posto no dia 10 de março, substituindo Alexandre Padilha (PT), que irá para o Ministério da Saúde no lugar de Nísia Trindade. A SRI é peça-chave na articulação entre o Palácio do Planalto e o Legislativo, responsável por garantir apoio a projetos do governo. A indicação, no entanto, foi interpretada como um gesto mais ideológico do que pragmático, o que pode comprometer a relação com partidos que controlam as Casas do Congresso.

Líderes políticos do centro criticaram a escolha, apontando que Lula optou por manter o espaço da SRI sob domínio do PT, em vez de ampliar o diálogo com partidos da base aliada. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) classificou a decisão como um erro estratégico. “Quando o governo não compartilha ministérios palacianos com o centrão, com certeza erra”, disse.

No Senado, a nomeação também provocou reações. Marcos Rogério (PL-RO) ironizou a escolha, afirmando que a oposição se tornará quase desnecessária diante da falta de habilidade política da futura ministra. “O governo está afundando e, pelo visto, não buscou alguém para socorrê-lo”, declarou.

Até mesmo dentro da base governista há sinais de insatisfação. O líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB), alertou para os riscos da escolha, ressaltando que o Congresso esperava um nome mais alinhado ao centro. “Se funcionar, os méritos serão do PT. Se não funcionar, o presidente terá que lidar com o ônus de ter contrariado parte da base”, afirmou.

A resistência a Gleisi Hoffmann na articulação política não é novidade. Sua trajetória é marcada por uma atuação combativa, fiel à linha do partido, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de negociação com siglas que não compartilham da mesma visão ideológica. Em um momento em que o governo precisa consolidar apoio no Legislativo para avançar com pautas econômicas e sociais, a escolha pode acirrar tensões e dificultar acordos.

A mudança na SRI ocorre em meio a uma reforma ministerial que busca recompor forças no governo. No entanto, ao manter a pasta sob o controle do PT, Lula reforça o peso de seu partido no núcleo do Planalto, mas arrisca desgastar a relação com aliados estratégicos. Se a nomeação de Gleisi não trouxer os resultados esperados, o custo político pode ser alto.

Nenhum comentário
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.