O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) revelou, por meio de um aditamento à denúncia anterior, que o mesmo grupo investigado pelo assassinato do ex-prefeito de João Dias, Marcelo Oliveira, e de seu pai, Sandi Alves, agora tramava um novo atentado. O alvo da vez seria a atual gestora do município, Maria de Fátima Mesquita da Silva — viúva do ex-prefeito executado.
A nova peça acusatória foi formalizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que identificou uma organização criminosa estruturada, com funções bem definidas e atuação contínua, mesmo após a prisão de parte dos envolvidos.
Com o aditamento, o número de denunciados no caso sobe para 14. Entre os novos nomes apontados pelo Ministério Público estão Damária Jácome de Oliveira e Leidiane Jácome de Oliveira, citadas como mentoras intelectuais da facção criminosa. Ambas estão foragidas.
Segundo as investigações, mesmo com a prisão de alguns executores do crime, o núcleo que comandava a organização permaneceu ativo. As provas colhidas apontam que esse grupo passou a planejar o assassinato da atual prefeita, motivado por vingança política e pessoal.
Maria de Fátima é viúva de Marcelo Oliveira, executado em agosto de 2024 junto com o pai. Na ocasião, o motorista Alcino Gomes da Silva também foi alvo, mas sobreviveu à tentativa de homicídio. O crime teria sido o ápice de um embate político entre famílias rivais, cujas raízes remontam à eleição municipal de 2020.
A denúncia do MPRN detalha a estrutura da organização criminosa, que contava com mentores, articuladores, executores e responsáveis pela logística e apoio material. Veja a divisão apontada pela promotoria:
Mentoras intelectuais: Damária Jácome e Leidiane Jácome
Articulação geral: Olanir Gama da Silva
Execução: Heliton Leandro, Francisco Emerson, Jadson Rolemberg e Gildivan Júnior
Logística e transporte: Thomas Vitor e Rubens Gama
Apoio material/informacional: Weverton Claudino, Everton Fernandes, Carlos André e Marcelo Alves
Alguns dos acusados estão presos nas unidades prisionais de Caraúbas e Mossoró. Outros permanecem foragidos, entre eles as líderes intelectuais do esquema.
A tensão política em João Dias teve início após a vitória de Marcelo Oliveira em 2020. Ele e Damária Jácome foram eleitos prefeito e vice-prefeita, representando famílias influentes da região: os Oliveira e os Jácome. Após apenas sete meses no cargo, Marcelo se afastou, alegando pressão e ameaças. Damária assumiu a prefeitura interinamente, mas em 2022, uma decisão judicial garantiu o retorno de Marcelo.
A volta de Marcelo ao poder aumentou o conflito. A família Jácome o culpava por diversas ações policiais que resultaram na morte de dois irmãos em confronto na Bahia e na prisão de outro, acusado por tráfico de drogas. Acreditavam ainda que o então prefeito colaborava com apreensões de armas ilegais.
Essa escalada de tensão culminou com a execução de Marcelo e seu pai em 2024. Agora, o plano seria eliminar também sua viúva e sucessora no cargo, segundo o Ministério Público.
A Justiça já expediu novos mandados de prisão. As autoridades seguem em busca dos foragidos para evitar que o plano contra a prefeita se concretize. A promotoria alerta para a periculosidade da organização, que demonstrou forte articulação e capacidade de ação mesmo após prisões importantes.
O MPRN segue investigando o caso, com apoio da Polícia Civil e das forças de segurança, para garantir que João Dias não volte a ser palco de novos atos de violência política.
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