Neste fim de semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) resolveu dar o troco na revista The Economist e publicou uma nota em tom firme — e autolaudatório — em defesa de seu próprio desempenho e, claro, da atuação incansável do ministro Alexandre de Moraes, descrito na reportagem britânica como alguém com “poderes excessivos”. A Corte, no entanto, preferiu ver a crítica como parte de uma conspiração narrativa digna de filme de ação com roteiro escrito por golpistas frustrados.
Assinada pelo presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, a nota afirma que a matéria da The Economist está mais alinhada “à narrativa dos que tentaram o golpe de Estado” do que à realidade brasileira, onde — segundo a Corte — reina a mais pura expressão da democracia com direito a Estado de Direito, freios e contrapesos, e, aparentemente, um clima institucional de tranquilidade que só os ministros percebem.
A revista britânica havia apontado o risco de uma crise de confiança no STF, mencionando também críticas a outros ministros, como Gilmar Mendes e Dias Toffoli, além de sugerir que Moraes deveria ser suspenso do julgamento de Jair Bolsonaro. Barroso, em tom quase didático, rejeitou a ideia e afirmou que se a animosidade do réu com os ministros fosse critério para afastamento, bastaria ofender o tribunal para não ser julgado. Um raciocínio lógico, embora um tanto conveniente.
A resposta institucional veio recheada de dados: o STF citou números do Datafolha como prova de que não há crise de confiança. O detalhe é que os dados usados misturam a percepção sobre o Judiciário como um todo com a do STF — uma prática que, digamos, seria questionada se viesse de algum político acusado de “desinformação”.
A Corte ainda fez questão de lembrar que decisões polêmicas, como a suspensão do X (antigo Twitter), foram tecnicamente justificadas e ratificadas pelos demais ministros. Portanto, nada de Moraes agir por conta própria — tudo foi feito em grupo, com o aval da maioria. Afinal, se todo mundo diz amém, não pode ser autoritarismo... certo?
Barroso encerrou com chave de ouro, ressaltando que o tribunal foi essencial para evitar o “colapso das instituições” diante das ameaças à democracia, como os ataques de 8 de janeiro, planos de atentado e uma série de episódios que, segundo ele, não receberam o devido peso na reportagem estrangeira.
Assim, entre elogios mútuos e autodefesas eloquentes, o STF mostra que, ao menos dentro dos próprios muros, a confiança reina absoluta. O resto? Bem, parece que é só ruído — ou má vontade internacional.
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