O Rio Grande do Norte tem 37.625 pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o que representa 1,1% da população estadual. Os dados são do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e marcam a primeira vez em que o levantamento incluiu o autismo. A nova abordagem foi viabilizada pela Lei nº 13.861/2019.
Mossoró aparece com uma das maiores proporções de pessoas com autismo do Estado: 1,3% da população local. O percentual supera a média estadual e se aproxima da média nacional, de 1,2%. Entre os homens, a cidade também lidera com folga no Rio Grande do Norte: 1,9% estão diagnosticados com TEA, acima da capital, Natal, que registra 1,8%.
A predominância masculina no diagnóstico segue a tendência nacional. Dos casos identificados no Estado, 62% são em homens (23.454) e 38% em mulheres (14.170). A prevalência é de 1,5% entre eles e 0,8% entre elas.
O Censo também revelou que o autismo é mais comum nas primeiras fases da vida. Entre meninos de 5 a 9 anos, 4,2% têm diagnóstico confirmado. Na faixa de 0 a 4 anos, o índice é de 3%. Para as meninas, os percentuais são menores: 1,3% de 0 a 4 anos e 1,2% de 5 a 9 anos. A prevalência tende a cair com o avanço da idade, ficando abaixo de 1% após os 20 anos.
A inclusão desses dados no Censo é uma conquista importante para quem convive com o autismo, mas também lança luz sobre uma realidade ainda cercada de barreiras. O acesso ao diagnóstico precoce, terapias adequadas e escolas preparadas é desigual. Em muitos municípios, especialmente no interior, a estrutura pública é limitada.
“Ter os dados é essencial. Mas o que muda a vida do meu filho é encontrar vaga em uma escola que entenda as necessidades dele”, desabafa a professora Ana Paula Ferreira, mãe de um menino de 6 anos diagnosticado com TEA em Mossoró.
Segundo especialistas, a falta de profissionais especializados, a demora no atendimento e o preconceito ainda dificultam o cotidiano das famílias. “O autismo ainda é invisível para muitas políticas públicas. Agora que os números estão à mesa, é hora de agir”, afirma a psicóloga Letícia Dantas, que atende crianças com TEA em Natal.
O Censo também revelou que o Rio Grande do Norte tem percentuais acima da média nacional em todas as categorias de limitações funcionais permanentes. As maiores diferenças aparecem em:
Em relação à média do Nordeste, o RN se manteve próximo, exceto na limitação mental, com índice levemente superior.
A inclusão do autismo no Censo é uma vitória das famílias e movimentos sociais. Mas, como reforçam especialistas, números sozinhos não transformam vidas. É preciso transformar estatísticas em políticas públicas efetivas, com foco em diagnóstico precoce, formação de profissionais, inclusão escolar e apoio às famílias.
Enquanto isso, milhares de crianças e adolescentes continuam dependendo da resiliência de seus pais e da boa vontade de poucos. A divulgação dos dados, embora tardia, escancara o que antes era só percebido por quem vive a realidade: o TEA não pode mais ser ignorado.
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