O Brasil atravessa um momento delicado, em que duas crises simultâneas revelam o desgaste de instituições fundamentais: o Supremo Tribunal Federal e o governo federal. Em comum, os dois casos expõem abusos, omissões e a crescente distância entre os centros de poder e os brasileiros comuns.
Nos últimos 60 dias, o STF acelerou o julgamento dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Sob a condução do ministro Alexandre de Moraes, o tribunal tem protagonizado uma ofensiva judicial marcada por decisões severas e, em diversos casos, pela escassez de provas materiais. O que se vê, semana após semana, é um embate mais político do que jurídico. Advogados, juristas, entidades de classe e até setores da imprensa que antes se calavam agora questionam a condução dos processos. Moraes passou a ser figura central de críticas, acusado de extrapolar seus limites constitucionais, cercear liberdades e transformar o tribunal em instrumento de repressão.
A credibilidade da mais alta Corte do País, já fragilizada, vem sendo corroída por decisões monocráticas, prisões preventivas longas demais e ausência de transparência. A retórica de defesa da democracia não pode justificar excessos. E o argumento de que se combate o extremismo perde força quando não há equilíbrio nem garantias legais mínimas.
Paralelamente, o governo Lula enfrenta um escândalo bilionário no coração da Previdência Social. Uma organização criminosa infiltrada em sindicatos descontava valores indevidos de aposentadorias e pensões, especialmente de idosos, deficientes e trabalhadores rurais. Em muitos casos, vítimas analfabetas ou sem acesso à internet descobriram tarde demais que estavam sendo furtadas mês a mês por um sistema que deveria protegê-las. O impacto direto no bolso da população mais vulnerável tornou o esquema ainda mais revoltante.
Enquanto o Planalto tenta se descolar da responsabilidade, o escândalo escancara a fragilidade dos mecanismos de controle. A máquina pública, inchada e ineficiente, foi incapaz de evitar a ação de golpistas amadores. Para o cidadão comum, pouco importa o tipo penal envolvido ou as cifras totais desviadas — o que dói é ver a aposentadoria minguar sem explicação.
O Brasil precisa de instituições fortes, mas também justas e responsáveis. Um Judiciário que se comporte como poder absoluto perde legitimidade. Um governo que ignora os mais pobres em seus escândalos perde autoridade moral. Nos dois casos, a confiança pública está sendo desperdiçada — e recuperá-la exigirá mais que discursos. Exigirá ação, correção de rumos e, sobretudo, respeito ao povo.
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