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Câmara dos Deputados VITIMISMO

O ataque a Maria Silva!

A narrativa prontamente construída foi a de que Marina foi “atacada”, vítima de um “ambiente machista e autoritário”, como se o simples ato de ser questionada por parlamentares já configurasse opressão. A ministra foi alçada ao posto de mártir institucional pela grande mídia em tempo recorde — a mesma mídia que, não faz muito tempo, permaneceu em silêncio absoluto (ou até aplaudiu) quando uma profissional respeitada como a Dra. Nise Yamaguchi foi humilhada em cadeia nacional.

28/05/2025 07h56 Atualizada há 2 semanas
Por: Redação
O ataque a Maria Silva!

A saída da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, de uma sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27) não foi apenas um gesto político — foi também um espelho do duplo padrão que domina o debate público no Brasil. Marina, confrontada por senadores ao tratar da criação de uma unidade de conservação marinha na Margem Equatorial, reagiu com impaciência, elevou o tom e deixou a sessão. Até aí, nada muito fora do que se espera num embate democrático. Mas o que veio depois revela algo muito mais profundo e preocupante: a seletividade escancarada da imprensa e de setores da esquerda.

A narrativa prontamente construída foi a de que Marina foi “atacada”, vítima de um “ambiente machista e autoritário”, como se o simples ato de ser questionada por parlamentares já configurasse opressão. A ministra foi alçada ao posto de mártir institucional pela grande mídia em tempo recorde — a mesma mídia que, não faz muito tempo, permaneceu em silêncio absoluto (ou até aplaudiu) quando uma profissional respeitada como a Dra. Nise Yamaguchi foi humilhada em cadeia nacional.

Na CPI da COVID, em 2021, Dra. Nise — médica, imunologista, pesquisadora, com trajetória sólida em instituições como o MD Anderson Cancer Center e a Universidade de Osaka — foi alvo de deboche, interrupções e tentativas públicas de desmoralização. A mesma imprensa que hoje brada por “respeito às mulheres” e “defesa da ciência” tratou com frieza e desprezo uma das médicas brasileiras mais qualificadas, apenas porque ela não se alinhava ao discurso dominante. Nenhuma manchete condenando o machismo, nenhum editorial falando em “violência institucional”. Nada.

É aí que se evidencia a verdadeira face da seletividade: não é a defesa dos direitos, das mulheres ou da ciência que move esses setores — é a conveniência ideológica. Quando a figura em questão pertence ao campo político aliado, todo questionamento vira “ataque”. Quando é da oposição, qualquer agressão é tratada como justa, necessária ou simplesmente ignorada.

Mais uma vez, quem denuncia essa incoerência não é a chamada “grande mídia”, mas veículos independentes, como o Conexão Política, que à época teve a coragem de expor o linchamento político e midiático contra Dra. Nise. Hoje, a mesma coragem é necessária para questionar a blindagem oferecida a Marina Silva — que, como ministra de Estado, tem o dever de prestar contas ao Senado, goste ou não do tom das perguntas.

Não se trata de negar o direito à dignidade de ninguém, mas de exigir que os princípios sejam aplicados de forma igualitária. A democracia exige debates duros, sim. O que ela não tolera — ou não deveria tolerar — é a manipulação seletiva dos fatos para blindar aliados e destruir adversários.

Se a imprensa quer recuperar a confiança da sociedade, precisa começar reconhecendo sua própria parcialidade. Do contrário, continuará sendo não o quarto poder, mas apenas o braço narrativo de um projeto político.

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