A tentativa do governo Lula (PT) de ampliar a arrecadação por meio do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) foi frustrada nesta quarta-feira, 25. Em mais um revés político, a Câmara dos Deputados e o Senado derrubaram o decreto presidencial que previa a elevação das alíquotas — uma das apostas da equipe econômica para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025.
A articulação foi conduzida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que chegou a revisar os percentuais propostos na tentativa de aplacar resistências no Congresso. Apesar dos ajustes, a medida não sobreviveu à votação. O episódio escancara mais uma vez a fragilidade da base governista e o desgaste político acumulado por Lula e seus aliados.
Desde o início do mandato, o Planalto vem enfrentando dificuldades em pautas estratégicas. A seguir, relembre os principais embates que terminaram com vitórias do Legislativo sobre o Executivo.
Em dezembro de 2023, o governo Lula foi obrigado a ceder à pressão do Congresso ao abrir mão do fim da desoneração da folha de pagamento para 17 setores econômicos. A proposta, originalmente pensada para reforçar o caixa público, foi deixada de lado em troca de apoio político à reforma tributária, considerada a prioridade legislativa do ano. A decisão expôs o custo alto que o Planalto tem enfrentado para avançar suas agendas.
Outro ponto sensível para o governo foi a derrubada, em maio de 2024, do veto de Lula a um trecho do projeto que restringia as saídas temporárias de presos — as chamadas “saidinhas”. O presidente havia optado por manter o benefício para detentos do regime semiaberto, sob o argumento de reinserção social. O Congresso, no entanto, reverteu a decisão. A derrota ganhou contornos simbólicos com a celebração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que usou as redes para parabenizar a votação.
Na mesma sessão legislativa, o Congresso manteve o veto de Bolsonaro à criminalização da disseminação de fake news. A proposta previa até cinco anos de prisão para quem propagasse informações falsas capazes de comprometer eleições. Com 317 votos favoráveis à manutenção do veto, a Câmara enviou um recado claro ao Planalto sobre os limites de sua influência em temas sensíveis da pauta digital.
Em janeiro de 2025, o governo enfrentou uma intensa reação após sugerir maior rigor na fiscalização das transações via Pix. A proposta, vista como uma forma de vigilância excessiva, foi alvo de críticas da oposição e mobilizou a base bolsonarista. Um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que viralizou nas redes sociais, contribuiu para o desgaste. Diante da pressão, o Palácio do Planalto recuou, mas o estrago já estava feito. Pesquisa da Quaest revelou que 66% dos brasileiros desaprovaram a iniciativa, refletindo diretamente na queda da aprovação de Lula.
As seguidas derrotas no Congresso têm colocado em xeque a capacidade de articulação política do governo e acendido alertas no entorno do presidente. Com a popularidade em queda e sem maioria sólida nas duas Casas legislativas, o Planalto acumula desgastes que podem impactar a viabilidade eleitoral do PT nas próximas eleições.
Enquanto isso, a oposição comemora cada revés como mais um passo rumo ao enfraquecimento de um governo que, até aqui, encontra mais obstáculos do que vitórias no Congresso Nacional.
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