Brasília, 4 de julho de 2025 – Em meio ao rombo financeiro que emperra a estatal, Fabiano Silva dos Santos, advogado ligado ao grupo Prerrogativas e figura próxima ao PT, decidiu entregar sua carta de renúncia ao Planalto nesta sexta-feira. Assumiu o cargo em janeiro de 2023, mas agora sai sob forte pressão após sucessivos déficits recordes .
A combinação de queda de receita — com retração de cerca de 12% — aumento de custos, despesas administrativas, precatórios e despesas financeiras explicam o desastre, segundo levantamento de fontes internas .
Em sua carta, Fabiano alega desgaste político e compromissos com a própria saúde. Mas nos bastidores, o que chama atenção é a pressão do União Brasil — partido que controla o Ministério das Comunicações — e de nomes do governo, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e o ex-ministro Rui Costa, que defendiam nome ligado à legenda .
A decisão foi formalmente entregue hoje, durante a ausência do presidente Lula, que estava no Rio de Janeiro. A oficialização da saída só ocorrerá após audiência com o presidente, prevista para os próximos dias ().
Durante sua gestão, Fabiano implementou medidas emergenciais — venda de imóveis, programa de demissão voluntária e parceria com a Infracommerce para criar um marketplace — mas o Palácio considerou as iniciativas tardias e insuficientes diante da gravidade da situação .
Críticos apontam a concessão de reajuste de 14% em seus proventos durante o mandato, decisão bastante malvista em meio a cortes e contenção de despesas .
Advogado de 49 anos, ex-militante do PT e do grupo Prerrogativas, Fabiano era aliado de José Dirceu. Apelidado internamente de “churrasqueiro do Lula”, foi indicado ao comando dos Correios como figura política, mas acabou enfraquecido pelos números vermelhos e pela crise .
A estatal agora entra em processo de transição, com disputa por espaço político: o União Brasil já sinalizou que indicará seu nome para assumir o posto, e o governo federal avalia técnicos e políticos para a sucessão. Enquanto isso, cresce o debate sobre a necessidade de eventual aporte da União para evitar um colapso financeiro nos Correios .
Em resumo: a saída de Fabiano Silva dos Santos é o desfecho previsível de uma gestão que se concentrou em remendos apenas depois de o navio já estar vazando. Resta saber se o próximo comandante será mais ousado — ou outro manequim político que amargará os mesmos prejuízos.
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